Na noite de quinta, 12 de agosto, o escritor Palmério Dória lançou em Imperatriz o livro “Honoráveis bandidos: um retrato do Brasil na era Sarney”. O lançamento aconteceu no campus da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) de Imperatriz.
A notícia teria passado despercebida do grande público não fosse o fato de que um grupo ligado à oligarquia Sarney tentou impedir a realização do evento. Segundo Adalberto Franklin, “na mesa, além de dois diretores do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz (CESI), campus da UEMA em Imperatriz, que sediava o encontro, e dois dirigentes das agremiações estudantis da entidade; também estava eu, como convidado, coadjuvando as verdadeiras estrelas da festa: o líder camponês Manoel da Conceição, iniciador do movimento camponês no Maranhão e fundador do primeiro sindicato dos trabalhadores rurais, preso, torturado e exilado pela ditadura; Zezinho do Araguaia, um dos poucos guerrilheiros que escaparam das chacinas dos militares no final da guerrilha, e por mais de vinte anos dado como desaparecido; e o jornalista Palmério Dória, autor do livro ‘Honoráveis bandidos: um retrato do Brasil na era Sarney’, que era lançado no evento”.
“Havíamos falado quase todos os da mesa. Manoel antecedia o escritor; falava de sua história de lutas contra o latifúndio e a ditadura, nos anos ’50; narrava uma chacina da qual escapou, na qual foram mortas cinco pessoas, a mando de um grileiro.” Nesse momento, “integrantes de um bando de arruaceiros, postados no fundo do auditório, começaram a gritar e a jogar ovos nos membros da mesa. Palmério Dória, que se levantou, foi atingido na barriga; Manoel, que tem uma perna mecânica, caiu ao chão; os demais, atônitos, como eu, ficamos em pé, sem sabermos ao certo o perigo que corríamos”.
O público presente reagiu à provocação e decidiu enfrentar o grupo sarneysista que tentava acabar com a palestra. Fora dos muros da universidade, policiais tentavam controlar a situação.
O grupo pró-Sarney, que tinha como objetivo tentar impedir o lançamento do livro em Imperatriz, era comandado pelo vereador Assis Filho (PP) de Pio XII.
Jovens declaram terem sido enganados por Assis e parceiros
Segundo o que o Noticias apurou, muitos dos jovens piodozenses que estiveram em Imperatriz, não sabiam do que iam participar. Um dos jovens declarou que tinha sido convidado para uma excursão para São Luis e que no meio do caminho o vereador Assis explicara qual era o verdadeiro destino e motivo da viagem, indagando aos presentes se alguém seria contra, ao que um dos jovens respondeu: “e quem é doido pra dizer que é contra, pra apanhar aqui dentro da van?!”.
Outro dos participantes declarou ao Notícias que era “pra gente ir pra uma excursão, mas quando chegou lá foi que eles foram falar que tinha que quebrar e bagunçar tudo”.
Os depoimentos mostram que a ação de Assis Filho e seus parceiros sarneysistas não foi nem espontânea nem pacífica: foi planejada e tinha o intuito de impedir o lançamento do livro “Honoráveis Bandidos” em Imperatriz. E o pior: muitos dos jovens foram usados, sem saber para onde iam ou o que lhes esperava.
O ato de Assis Filho mostra o grau de atraso e despolitização do vereador sarneysista, mas ao mesmo tempo mostra, como disse Adalberto Franklin, que “dá medo viver num estado como este em que, às claras, e diante de muitas câmeras, se promovem atentados contra a honra, a liberdade de expressão e a democracia. Se assim o fazem, então, do que são capazes às escondidas? O Maranhão precisa, urgentemente, sair da escuridão das trevas!”.
A matéria de Adalberto Franklin pode ser lida no link abaixo:
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